segunda-feira, 17 de maio de 2021

Surto

Hoje eu surtei.

Fazia muito tempo que eu não perdia o controle das minhas próprias emoções a ponto de chorar descontroladamente. Mas como diria minha psicóloga: faz parte do processo.

A verdade é que ainda é difícil encarar as injustiças da vida. Meu marido está prestes a mudar de emprego, pra algo aparentemente muito melhor, e embora eu esteja muito feliz por ele, e sim, estou mesmo, sei que as conquistas dele são as conquistas da família. Mas me sinto perdida, vê-lo tão centrado em um objetivo me fez ver o quanto estou à deriva, meio que vivendo um dia de cada vez. A verdade é, isso já começou pra mim antes da pandemia, logo que meu filho nasceu. A princípio era por causa dele, eu não dormia, estava exausta, não conseguia focar em absolutamente nada, e aí eu sempre dizia "ah, só o tempo vai melhorar isso", mas aí o tempo veio e trouxe a pandemia. Meu filho está maior, dormindo bem mas, não pode sair de casa, não pode ir pra escola, passa o dia convivendo com adultos. E mais uma vez, sigo exausta, sem motivação pra focar em nada.

E enfim, hoje eu surtei. Hoje me senti pequena, me senti regredindo, me senti incapaz, injustiçada pelo universo. E chorei, chorei muito. E agora estou aqui deitada, com a cabeça pesada, já tomei um remédio pra tentar dormir e, amanhã é um novo dia, né? 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Vai passar sim

Hoje, meu filho tem 2 anos e 11 meses. O tempo realmente passa muito rápido, não estavam mentindo.

Quando escrevi o primeiro post nesse blog, meu filho tinha 1 ano e olhando pra trás, eu vejo o quanto tudo mudou. Minha vida era loucura pura, as minhas postagens eram de puro sofrimento. Mas não eram posts de exagero, eu realmente sofria, realmente não dormia. O negócio era punk mesmo. 

Lembro que na época, eu desabafa com as pessoas e quase sempre ouvia delas que ia passar, quando eu ouvia isso, eu queria mandá-las pro quinto dos infernos, porque não era o que eu queria ouvir, eu queria reclamar, xingar, as vezes tinha vontade até de socar as coisas por raiva de tudo o que estava vivendo, mas infelizmente, vivemos numa sociedade em que mães não podem surtar, reclamar, xingar, e geralmente, mães não reagem bem a outras mães que reclamam, xingam e surtam, engraçado, né? Mas enfim, isso é assunto pra outro post. 

Aqui eu vim apenas dizer que era verdade, realmente passa. Pode parecer inacreditável, mas meu filho realmente acordava de meia em meia hora, as vezes a cada 15 minutos, era um caos. Mas hoje, melhorou muito, muito mesmo. Não vou dizer que ele já dorme a noite inteira, porque ele ainda acorda 1, as vezes 2x ou então, eu acabo o acordando pra dar uma mamadeira no meio da madrugada. Tem dias que prefiro dar a mamadeira antes que ele acorde pra evitar que ele acabe chorando (tenho trauma de choro) e, embora os palpiteiros me julguem, funciona super bem. Porque sim, rotina da família é assim, é o que funciona pra cada um, aqui, com quase 3 anos, ainda toma uma mamadeira pra dormir e outra no meio da madrugada e, vai ficar assim até quando ele quiser. O que mais aprendi nesses últimos anos é que o tempo rege o mundo, eu pirava com o meu filho acordando de 30 em 30 minutos e achava que nunca mais teria uma vida normal por causa disso, pesquisava e testava um monte de técnicas - as vezes ridícula - pra tentar fazer isso melhorar. Até cama compartilhada, que sempre abominei, eu fiz por vários meses, apenas pra tentar sobreviver a esse período maluco. Mas, nada funcionou, só o tempo. 

Então sim, o caos passa. Outros chegam, mas sinceramente, nada do que eu vivo hoje, mesmo a pandemia, que faz todo mundo surtar, é tão caótica pra mim quanto o que vivi nos 2 primeiros anos de vida do meu filho. E hoje, quando um novo caos se instala, eu já penso: ah, vai passar também. E assim os dias ficam um pouco mais fáceis.

Mas, mesmo assim, foi importante ter registrado alguns dos meus momentos de escuridão aqui no blog, porque isso me faz lembrar do que vivi e do quanto eu cresci e evolui com tudo isso.

domingo, 18 de abril de 2021

Retorno?!

Faz um bom tempo que não escrevo aqui. E nunca imaginei que aconteceriam metade das coisas que aconteceram nesse tempo todo que passou.

Hoje, Abril de 2021, estamos no segundo ano de uma pandemia, e claro, além do óbvio, que é o pânico de morrer, de perder quem amamos, e etc, existe também a vida que continua. E não é fácil.

Não é fácil ser mãe e profissional na pandemia, desde Março de 2020, que é quando tudo isso começou, que eu venho tentando equilibrar a minha vida de mãe e a minha profissional. Graças a Deus tenho meus pais por perto que ajudam muito nesse quesito, mas, mesmo assim, já cogitei desistir várias vezes e focar só no meu filho, mas, além de não ser possível porque a grana vai fazer diferença, também existe uma questão pessoal que me impede de "largar tudo pra ser só mãe", então, venho levando as coisas meio entre trancos e barrancos desde então, mas, estou aqui escrevendo isso, então mesmo em meio a alguns surtos psicológicos, deve estar funcionando, né?

Outra coisa que não é fácil é ser mãe, profissional e esposa na pandemia. No fim do dia, quando tudo acaba, filho dorme, minhas aulas terminaram, existe um marido querendo atenção e sim, tem dias (a maioria deles) que o esgotamento psicológico chegou no limite e estou com zero saco pra qualquer coisa que não seja morrer no sofá comendo chocolate e assistindo um seriado na TV. Então tem sido bem difícil encontrar o equilíbrio nesse setor da minha vida. Porque no filho e no trabalho, meio que existe uma obrigação implícita, mas pra outras coisas não, então eu acabo meio que deixando pra lá, e pra ser sincera, não sei dizer se estou certa ou errada, acho que em uma pandemia, isso nem existe, né? Afinal, ninguém vai planejando a vida achando que vai passar por uma situação desse tipo.

Mas é isso, um dos objetivos que criei na pandemia e que agora estou colocando em prática é voltar a escrever aqui, vamos ver se a motivação continua ou se vai entrar pra lista de coisas que quero fazer mas "foda-se, hoje não". 

sábado, 20 de junho de 2020

E cá estou eu novamente...sumi...e não, não é porque parei de reclamar e etc, é porque acho que piorei tanto no quesito desânimo, que faltou vontade até pra reclamar.

Os primeiros três meses do ano foram meio bostas, pelo simples fato de que assim que meu filho voltou pra escola, já pegou um combo doenças que só por Deus. E o pior, teve até virose generalizada que contaminou a família toda e arruinou meu aniversário. Não que eu tivesse planos super interessantes, mas acho que querer um dia de paz seria um mínimo, né? Mas não, foi um caos. Caganeira geral, mais de 7 pessoas doentes. Foi tenso.

E aí, logo em seguida, bem em seguida mesmo, menos de 1 mês depois, começou a pandemia dos infernos. E eu que reclamava pra cacete não tinha noção do que minha vida estava prestes a virar.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Palpiteiros

Além das dificuldades e descobertas que os pais vivenciam diariamente, também somos obrigados a lidar com os palpiteiros.

A verdade é, ninguém é perfeito. Ninguém foi ou será uma mãe ou pai perfeito. Ninguém será 100% em tudo o que faz...e tudo bem. O problema é que quando se trata de palpitar, as pessoas vestem suas fantasias de "Perfeição" e começam a despejar em você toda aquela opinião não solicitada.

Meu filho começou a ir pra creche com 1 ano e 2 meses, quando ele nasceu, eu dizia que ficaria com o meu filho em casa até no mínimo 2 anos, não era a favor da creche, não sabia exatamente o porque, acho que tinha medo de ver meu filho crescendo e perder todos aqueles marcos. Mas ai os meses foram passando, o cansaço foi aumentando. Meu filho, até os 6 meses, chorava muito, muito mesmo, então havia um cansaço psicológico muito grande com o qual eu tinha que lidar diariamente. Depois dos 6 meses e a descoberta da APLV, ele passou a chorar muito menos, mas ai, começou também a demandar mais, queria atenção, brincar, já não dormia mais de 15 horas por dia como um recém-nascido normalmente dorme. E aí, o cansaço, que antes era mais psicológico, passou a se tornar mais físico. Principalmente porque o Gabriel nunca dormiu bem a noite, então todo o cansaço que eu acumulava ao longo do dia, se mantinha porque eu não conseguia descansar um pouco melhor durante a noite.

Enfim, mesmo com todo o desgaste, eu ainda mantinha a minha decisão de mantê-lo em casa o máximo possível, trabalhava por conta e conseguia administrar meus horários numa boa. Mas, depois de acontecer um terrível acidente entre nosso bebê e o nosso cachorro, tudo mudou. A rotina e a correria ficaram muito piores. E aí, tive que repensar, abrir a mente e aceitar a creche. Logo de início, já tive que lidar com opiniões não solicitadas. "Como assim, creche? Ele é muito pequeno" / "Nossa, tem que ter muita coragem pra deixá-lo lá sem saber o que fazem com ele ao longo do dia". Enfim, uma série de comentários que não agregavam absolutamente nada. A única coisa que eu pensava era que eu já tinha problemas o suficiente, dormia no máximo 2 horas seguidas por noite, não precisava ouvir tudo aquilo. Nenhuma mãe precisa.

Hoje, ele está na creche há praticamente 6 meses e sim, mesmo depois de todo esse tempo, eu ainda ouço um monte de mimimimi em relação a ele estar lá. Depois que viramos mãe, pai, o que quer que seja...descobrimos o quão rápidas as pessoas são em te julgar, apontar o dedo, dizer o quanto sua decisão está errada, mas raramente vejo o mesmo esforço em elogiar. Em dizer "Poxa, que mãe foda vc é, imagino que seja difícil ter optado por colocar seu filho tão pequeno na escola, parabéns pela força"...

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Desânimo

A noite de ontem foi tensa, na verdade, a maioria é. Filho dormiu as 20h, acordou aos berros as 21:30 e choramingou o resto da noite. E aí você fica se perguntando o porquê. Se é porque está ficando doente novamente, se foram gases do omelete que comeu antes do dormir. Ou se é apenas o universo sendo o universo. 

Acordei naquele humor básico de quem não dormiu mais do que 2 horas seguidas. E aí pra ajudar mais, meu filho acordou irritado também, só queria ficar no colo, não conseguia trocar a fralda e nem a roupa sem a sinfonia daquele choro estridente. Dor? Universo? Não sei, nunca sei. 

E agora está na hora de ir buscá-lo na escola, e confesso que sinto aquele desânimo porque ele provavelmente vai chorar como hoje de manhã, e da aquela vontade de fugir. 

Ultimamente, ele tem escolhido muito o colo do pai, e preferido o dele ao meu. E aí me pergunto o porque. Se as vezes ele lê meu pensamento, se ele sente que as vezes quero sair correndo pra nunca mais voltar. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Rede de apoio

O que mais senti falta, depois que virei mãe, foi de uma rede de apoio.

Na verdade, eu tive uma rede de apoio, não vou ser ingrata e dizer que ela não existiu. Minha mãe foi a que mais ajudou cuidando do meu filho pra que eu pudesse trabalhar.

Porém, quando falo em rede de apoio, me refiro aquela em que você se sente acolhido psicologicamente. É estar em um ambiente em que as pessoas realmente entendem - ou tentam entender - o que você está passando. Por inúmeras vezes me abri, reclamei, e fui julgada. Fui mal interpretada. Fui questionada. Inclusive pelo meu marido, que por ser alguém muito mais presente, deveria entender um pouco melhor a realidade, mas não foi o que aconteceu muitas vezes.

Vejam bem, não me julgo a melhor mãe do muito, bem longe disso, pra ser sincera. Perco a paciência quase sempre, porque só quem vive com a privação de sono, sabe o quando é desesperador ver a hora passando e se dar conta de que você, mesmo exausto, não dormiu ainda e talvez nem durma, ou, ter a certeza de que não dormirá mais do que 2 horas em uma noite inteira, embora saiba que seu corpo precise de, pelo menos, 8. Mas, voltando a paciência, sim, eu a perco muitas vezes, já me peguei dando broncas no meu filho ao longo da madrugada, mesmo ciente de que não é culpa dele acordar 10x em uma noite. E o mais difícil nisso tudo, é não ter aquele abraço cheio de empatia, porque sim, você já sabe o quanto errou naquela bronca, e as vezes só precisa ouvir alguém dizer que ficará tudo bem e que tudo dará certo e que não, você não é um monstro.

As pessoas - eu inclusive, focam muito mais suas energias em apontar defeitos e em fazer mais cobranças. Quantas vezes escutei "mas você esqueceu disso novamente?", sendo que o que eu merecia ouvir era um "nossa, você se lembrou de 900 coisas, super normal ter esquecido pelo menos uma", mas o reconhecimento raramente aparece principalmente na maternidade, em que se carrega o "Ser mãe é isso mesmo, não sabia?". E arrisco dizer que esse possivelmente é um dos maiores motivos pelo qual mães se sentem tão frustradas ao longo dos meses e anos que se seguem pós parto. Porque há muita expectativa e cobrança, e pouca empatia e carinho.

Enfim, espero muito que isso mude ao longo dos anos, porque não há injustiça maior do que a maternidade "solitária".